Inicialmente, ocupavam as duas margens do rio Uruguay, desde Itapeiu até o seu delta, mas, já em época colonial Européia, estenderam seus dominios até a costa do Rio Grande do Sul inteira. Localizaram-se na coxilha de Haedo, localizada ao sudoeste do Rio Grande do Sul, seguindo até Rio Negro.
Em 1730, se aliaram aos minuanos, que vinham de além do Rio Uruguai e se estabeleceram nas terras próximas à Lagoa Mirim e à Lagoa dos Patos. Os guenoas ou guanoas eram charruas setentrionais. Os três povos têm suas origens na região da Patagônia, na Argentina (a região dos índios "patagões" ou "patagones").
Como armas usavam o arco e flecha com carcases, boleadeiras, funda e lança. As flechas tinham as pontas feitas de pedra lascada. Após o contato com os espanhóis, as boleadeiras, que eram atadas com corda de tucum, passaram a ser ligadas com tiras de couro.
As tendas charruas, primitivamente, eram feitas com quatro estacas e esteiras de palha no teto e nas paredes. Após o contato com os espanhóis, passaram a usar largos pedaços de couro e armas dos espanhóis e dos portugueses, como armas de fogo.
Não eram agricultores. A alimentação era caça e frutos e também foi modificada em contato com os espanhóis, passando os charruas a preferir a carne de cavalo. O uso do fumo e erva-mate adveio do contato com os brancos, pois não há vestígios anteriores desses costumes entre os charruas. Já em contato com os espanhóis, cobriam o corpo com uma camisa curta, sem mangas de pele curtida. No inverno, o pelo era aplicado pelo lado de dentro e no verão, ao contrário. As mulheres usavam uma saia de algodão até os joelhos. Não sabiam fiar nem tecer. Os panos de algodão que passaram a usar foram adquiridos em contato com os guaranis.
Eram polígamos. As mulheres cuidavam das tarefas domésticas e dos cavalos. O homem se dedicava à guerra e à caça. Faziam conselhos de família para decidir sobre assuntos de guerra ou outros interesses. Aprenderam a montar com os espanhóis, tornando-se exímios cavaleiros, hábeis na guerra e na caça. Em domínio espanhol, atacavam fazendas, raptavam as mulheres, castravam os meninos e os levavam como escravos, e matavam os homens adultos. Não praticavam o canibalismo, ao contrário dos tupis e guaranis não reduzidos. Os diversos grupos charruas falavam o que se convenciona chamar "línguas charruanas".
Pouca informação se tem sobre sua religiosidade, mas, durante fartas libações, invocavam um ser superior que, algumas vezes, poderia se tornar visível. Aos médicos-feiticeiros, atribuíam o poder de curar doenças, transbordar os rios, parar as feras; também havia velhas que curavam chupando a pele nos lugares doloridos. O funeral era entregue a uma velha que se encarregava de descarnar os ossos e sepultar. As mulheres de parentesco mais próximo (esposas e filhas), na perda do familiar, amputavam-se uma falange, além de cravarem, em si mesmas, flechas que tinham pertencido ao morto. O costume de amputação de falange também é encontrado em povos primitivos da Indonésia.
O filho, quando havia a morte do pai, ocultava-se por dois dias em sua cabana; após isto, à noite, dirigia-se a outro índio que lhe trespassava com pedaços de taquara a pele do braço do punho até o ombro; após isto, saía nu no bosque; cavava um buraco no chão onde coubesse até o peito e ali passava a noite; pela manhã, voltava à cabana, onde lhe tiravam as taquaras e passava dois dias sem comer e beber; nos dez dias seguintes, os meninos da tribo lhe levavam água e aves de caça; ao final deste tempo, voltava ao convívio da tribo. O marido não aparentava dor pela morte da mulher nem o pai pela morte do filho.